
Ser mãe... (soneto 052) - MÁRCIA SANCHEZ LUZ
Ser mãe é ser alguém que na alvorada
bendiz o brilho que anuncia o dia
trazendo a luz do sol em sintonia
com o burburinho de uma passarada.
Ser mãe é ser a doce madrugada
que põe um fim à mágoa doentia;
é ser também a força da magia
curando a febre que se faz calada.
Ser mãe é buscar sempre uma saída
para acalmar o coração inquieto
do filho que se fecha em seu afeto.
Ser mãe é estar atenta para a vida,
é ver além do amor que não deu certo,
fazendo de sua cria um ser liberto.
=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=Decidi começar esta nova seção com a "prata da casa", Márcia Sanchez Luz: a prova cabal de que a Internet só é fria para quem não sabe fazer amizades ou desconfia de tudo e de todos. Pessoalmente nos conhecemos nas comemorações em SP dos 12 anos de Blocos, mas já há muito nos escrevíamos; atualmente, considero-a uma amiga querida, sempre pronta a ajudar, a incentivar, a partilhar alegrias e agonias. Este soneto, recém-enviado, me encanta porque alia técnica à emoção. É precioso: mesmo mantendo um formato clássico, o texto é atual e universal: quem tiver filhos adolescentes saberá perfeitamente do que ela está falando. E, mesmo quem não os tenha, sentirá na pele a aflição das mães ante o silêncio machucado de seus filhotes, querendo o melhor para aqueles que, um dia, ela esperançosamente deu à luz.