SANTO NOME EM VÃO
o ruim de ser povo
é avalizar um empréstimo novo
em Calcutá
sem nunca ter ido lá.
é avalizar um empréstimo novo
em Calcutá
sem nunca ter ido lá.
Ulisses Tavares
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Ulisses é companheiro de jornada há muitos anos, uma pessoa muito querida, também porque me identifico bastante com sua poesia; e este poema que estou postando hoje, considero uma aula de política no melhor estilo, ou seja: do jeito mais simples… Ferino observador dos atos humanos, sua crítica aguçada e sempre muito atual. O livro do qual consta Santo nome em vão (aqui, nada a ver com Deus, mas com o povo da Terra) é O Eu entre nós (de 1979, Edições Pindaíba, do próprio autor), de trinta anos atrás… A velocidade das mudanças nos parece tão rápidas, para determinados fenômenos e, infelizmente, há “manobras políticas” que não mudam, principalmente em tempos de globalização. Este poema faz-me lembrar o brilhante (e saudoso) sociólogo brasileiro Octavio Ianni, quando ele afirma que a crise do Estado-nação, derivada das nações terem se tornado “demasiado pequenas como unidades de comércio e demasiado grandes como unidades de administração”, faz com que reflitamos na trágica constatação, também dele, de que “os consórcios não têm pátria”.