terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Leila no Twitter e... Habitue seu cão a ouvir poesia




Aderi ao Twitter. Quem quiser saber as minhas novidades, mais rapidamente clique no passarinho-logo, ao lado. Blocos também está no lá: http://twitter.com/blocosonline
Não sou das mais fanáticas, inclusive relutei bastante, porque as pessoas transformaram o Twitter em um diário: meu saiu e ainda não voltou... Ou: eu estou usando uma camisa azul hoje... Ou: hoje não vi televisão.. Não gosto nem um pouco desses exercícios de egocêntricos, como se o mundo girasse apenas em torno de uma pessoa e de seus sentimentos (superficiais, devido ao tamanho do comentário). Parece diário de preguiçoso. Compreendi porém, que, para informações rápidas, notícias coletivas, o Twitter funciona bem.

E uma das notícias que eu divulguei no Twitter é que acaba de sair o livro organizado por Ulisses Tavares, "Poemas que latem ao coração", com diversos autores, inclusive eu. No release do lançamento ocorrido  dia dia 28/11, havia um convite diferente: "peça ao seu cachorro para levar você". E eu complemento agora: adquira pela Editora Nova Alexandria e habitue seu cãozinho a ouvir poesia. Tenho certeza de que ele vai agradecer por você passar mais tempo com ele, fazendo-lhe este carinho. São versos e fotos de vários tipos de cachorros, para todos os gostos. Meu poema é dedicado ao nosso cão mais antigo da casa: o Leandro, vulgo Ouou. Espero que gostem e que comentem comigo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

POESIA COMENTADA

TELEGRAMA Mamãe morreu
Ficamos
Envergonhados CHUVAS Algumas pessoas morreram num dia rude de dezembro depois das chuvas Pela televisão as imagens da cidade afogada Algumas pessoas morreram fazendo os gestos estranhos dos que pedem socorro Eunice Arruda =-=-=-=-=-=-=-= Conheci a poesia de Eunice em 1978, quando Geir Campos me indicou-a para integrar a antologia que organizei sob o título “Mulheres da Vida” (Ed. Vertentes/SP, do jornalista Wladyr Nader). O impacto de sua lírica nada convencional me mobilizou, de imediato. Eunice tem haicais belíssimos, muitos deles constantes da obra "Natureza - Berço do Haicai - Kigologia e Antologia", organizada por H. Masuda Goga e Teruko Oda (1996). Porém preferi postar dois poemas que enfocam a morte de maneira rara, e que sempre me tocam profundamente quando os releio. O primeiro (Telegrama) foi publicado pela nossa Editora Blocos, no livro À Beira (1999). Em pouquíssimas palavras, o poema estampa a morte como se fosse um ato culposo e indecente, diante da qual as pessoas devem envergonhar-se. Com minha mania de telenovelista, fico me perguntando quem era essa mulher morta (cuja única "falha" em sua vida perfeita talvez tenha sido esta) e quem são seus filhos, que praticamente pedem desculpas por ela ter "fraquejado" e morrido... Esta relação familiar é repleta de conflitos, preciosa, e enseja múltiplas interpretações. O segundo poema, "Chuvas", foi publicado em nosso portal na Saciedade dos Poetas Vivos nº 2 , e nele, novamente, vemos Eunice utilizar-se de uma intensa ironia poética trágica, de uma crítica ferina ampla, envolvendo o desamparo da população, o estado de calamidade pública vivida diariamente pelos cidadãos, o desinteresse dos políticos, e, principalmente, a exploração televisiva das tragédias (filma-se, em vez de ajudar-se), gerando um alheamento, como se o desespero visto/assistido à distância fosse apenas uma simulação, mera "verossimilhança" com a realidade, pequeno detalhe de um espetáculo, cuja semelhança com a vida pode passar desapercebida.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sumiço, vídeos e novidades












Fiquei um tempinho sem aparecer por aqui, porque tive que priorizar meu exame de qualificação ao Doutorado na UFRJ. Vencido mais este penúltimo degrau, agora "só" falta escrever as 150 páginas da minha tese e defendê-la, no ano que vem.
A segunda notícia é que sou uma das juradas do 1º Festival de FACOPP (categoria vídeos) e acho que vale a pena vocês darem uma olhada, porque há produções interessantíssimas, confiram. O endereço é: http://facopp.ning.com/video/video Deixei comentário para todos os vídeos, assistam e comentem também.
E, já que a organização do evento criou uma página para mim, aderi ao ning e estou com uma nova página lá: http://escritoraleilamiccolis.ning.com
além de um novo grupo: Calçada da fama - Artistas da palavra e outros artistas: http://escritoraleilamiccolis.ning.com/group/calcadadafama
Por fim, Selmo Vasconcellos teve a gentileza de me entrevistar, e quem quiser conhecer-me um pouco mais basta clicar no link: http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2009/10/momento-litero-cultural-entrevista-com_25.html Aguardo vocês lá também.

sábado, 17 de outubro de 2009

Boicotes e estrelismos

Uma das coisas que mais me impressiona na Internet é o pedido de divulgação de algum evento (lançamento de livro, debate, etc.) enviado através de gif, jpeg ou pdf - ou seja: como imagem. Não é preciso ter grandes conhecimentos tecnológicos para sabermos que não dá para copiar um texto que aparece em uma imagem e que uma imagem pesa muito mais do que um texto. Cansei de solicitar para que me enviem somente textos. Atualmente, se já pedi uma vez, não peço mais, deleto e fico pensando em como as pessoas se auto-boicotam consciente ou inconscientemente, pedindo para enviar uma informação que não pode ser "copiada e colada". Ou então, descortesia literalmente grande, ler e-mails autopromoicionais com mais de 1.000 kbytes, em nossos endereços de e-mails, mesmo sabendo que só há tempo de lermos as mensagens de um único provedor diariamente.
Também me deixa perplexa a atitude de alguns autores que mencionam "escritor" como sua profissão. Um escritor é um escritor, lógico. Porém não necessariamente um profissional: nunca vi, por exemplo, alguém exercer uma profissão apenas nas horas vagas... Algum médico medica ou advogado advoga quando quer, de vez em quando, como um passatempo em seu tempo livre? Alguém já se aposentou pelo como escritor? Como se pode falar de uma profissão que não é legalizada, que não tem consciência de classe — pois nem classe é —, que não possui cursos de especialização, cuja lei autoral raramente é cumprida, e cuja grande maioria dos autores ainda acha que literatura (poesia ou prosa) não se aprende na escola? Sem uma ação sócio-política maciça não há profissão, profissionais, profissionalismo ou profissionalização. Então fica-se apenas a escrever textos, e, na maioria dos casos, a imaginarmos que temos a literatura por profissão, sempre que isto for conveniente à nossa autoestima.

Leila Míccolis

quinta-feira, 30 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

POESIA COMENTADA

pequeno poema Rogel Samuel
pequeno poema se insinuando na minha solidão eu te amo apenas quando vale a pena não te ter à mão sei que aparecias na nudez suprema da imaginação pequenino tema posto que poema és contramão =-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=
Se alguém me perguntar o que a poesia é para mim, resumirei em uma palavra: contramão. Não no sentido dela ser sempre, obrigatoriamente, uma via contrária ao pensamento tradicional, mas sim uma via de acesso a paralelas reflexões. Mais no sentido, portanto, de con-frontar, ou até, de enfrentar. Ou seja: de dialogar. Este "pequeno poema" — pequeno apenas por ter doze versos — me toca muito, porque, em vez de tratar do "papel social do escritor", tema sempre muito interessante porém já bastante versado (e versejado) pelos nossos poetas, ele aborda, de modo aparentemente descomplicado, a complexidade do processo criativo, e, principalmente, a dolorosa constatação do poeta ao perceber que poemas só surgem em momentos de isolamento. Contradição paradoxal: para falar-se de amor é preciso se estar só (sem o outro, no momento da criação, pois quando se está junto, a escrita é sempre adiada): "Eu te amo apenas / quando vale a pena / não de ter à mão" — já que, neste caso, a poesia estaria na própria vida e não em palavras que a ela se referem. A tão endeusada criatividade aparece aqui como um substituto da realidade, imaginando-a, em vez de vivenciá-la (ficção x realidade, questão sempre tão fascinante quando desponta). É neste sentido que o poeta, sutilmente, manifesta sua raiva e até certa relutância em verbalizar a idéia, como se, através dela, modelasse a solidão dando-lhe forma. A palavra gera, produz, formata, cria e perigosamente materializa. Daí, a forma minimal, a fala, econômica e precisa, quase que apenas para registrar a angústia do momento. Uma lírica contida, filosófica, contemporânea, que, no extravasamento do eu, encontra material para reflexão mais ampla. E não há como deixar de refletir, lendo este belo poema, na inquieta contramão (contra a mão) do fazer poético, no eterno conflito do ente, entre o ser e o estar.

domingo, 14 de junho de 2009

POESIA COMENTADA

Quatro haicais de Lena Jesus Ponte

Igreja fechada.

Dorme um anjo a sono solto no pátio vazio.

***

Seis horas da tarde. O sino assusta o silêncio.

Revoada de anjos.

***

Porta entreaberta Um vento assalta papéis

e rouba poesia.

***

Pousa a ave no mármore. Num leve tremor, a estátua sente o que é ter vida.

=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=

Eu já a conhecia de nome, sabia que ela era Professora de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira. Porém quando Lena, aqui no I Festival de Poesia de Maricá, me ofereceu seus dois livros: Na Trança do tempo – haicais e Ávida Palavra, fiquei simplesmente encantada. Ao abrir o Ávida Palavra, ao acaso, o primeiro poema que eu li dela, “Plena”, lembrou-me a estrutura de um poema que escrevi e que pertence a uma série minha, inédita, “Lições de Poiesis”. Apresentei-o a ela e rimos bastante da nossa sinastria poética. Eu acho ambos os livros excelentes leituras. Porém resolvi divulgar quatro haicais que eu amo (os dois primeiros de Na trança do tempo, os dois últimos de Ávida Palavra), até para abordar um ângulo interessante: muita gente imagina que haicai, por ser um poema minimal, é fácil de fazer. É justo o contrário: em três versos de 5, 7 e 5 sílabas, os poetas lidam, ao mesmo tempo, com o kigo, a concisão, a fragmentação, o impacto, a originalidade no tratamento, além das metáforas precisas, exatas, para transmitirem o efeito visual, plástico, a própria vida em movimento. Porém nada disso é problema para a autora, que sabe dialogar muito habilmente com suas “cenas” poéticas, fazendo com que reflitamos mais sobre um cotidiano que nos passa desapercebido, e que a poesia graciosamente (em diversos sentidos) nos devolve.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Novo prêmio para o blog


Recebi de Márcia Sanchez Luz o selo “Vale a pena acompanhar este blog!”.
O selo violeta é um prêmio que representa, segundo os seus criadores,"as sensações que a cor violeta traz para a nossa mente". Ele é dado aos blogs que tem algumas das sensações da cor violeta, a saber: magia, encantamento, graciosidade, magnetismo e tudo aquilo que parece mágico.
Obrigada Márcia: com este prêmio mágico, fiquei literalmente encantada... Adorei, até pelos bons fluidos que dele emanam! Escolherei, posteriormente, com calma e critério, os sites que julgo merecedores deste selo.
Beijos,
Leila

sábado, 23 de maio de 2009

POESIA COMENTADA

A leitura do poema

Lêdo Ivo

Eis o modo certo de ler um poema: com um olho fechado e o outro aberto.

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Comecei a me interessar pela obra de Lêdo Ivo desde o primeiro poema que li dele: Conselho a um jovem poeta. Foi paixão à primeira vista, identificação plena. Aos poucos, aqui e ali, fui travando maior contato com os textos de Lêdo, até que, em 2005, Mauro Salles me presenteou com a obra completa do poeta, um livro que, apesar de ser contemporâneo, já é um clássico para mim, no sentido da definição de Italo Calvino, escritor cubano-italiano: “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”. Relendo-o – como sempre faço – eis que há poucos dias descobri este primor, que me fez parar e refletir sobre a delícia da linguagem poética, e o alcance do jogo de sentidos que ela é capaz de tecer. Ler um poema com um olho fechado (de sonho, divagação, meditação, reflexão) e o outro aberto (atento às entrelinhas, às estereotipias e aos discursos que ele traz consigo), é, certamente, um dos modos de analisar ao mesmo tempo emoção e técnica, sem privilegiar nenhum dos dois elementos: o olho fechado intui, interpreta, associa, o olho aberto perscruta, observa, questiona. No entanto, o poema apenas sugere tudo isto e aí é que reside toda a ironia sutil e ferina dele: quem o lê, literalmente, vai pensar que o título deveria ser substituído por "Exame de vista"... No entanto, até por este caminho aparentemente simplista e pouco elaborado, o ângulo crítico é capaz de surpreender, pois a poesia pode (e deve) ensejar um reexame em nossa visão, ou em nosso modo proposital de, tantas vezes, fecharmos o olho "melhor", e abrirmos o que vê menos – por comodismo, cansaço ou desânimo. Enquanto Conselho a um jovem poeta fala da emissão, da elaboração poética, A Leitura de um poema dirige-se à recepção, à repercussão do texto por parte do leitor. E ambos me fazem sorrir, não por serem poemas-piadas (aliás, nunca encontrei nenhuma anedota nos exemplos que ilustram esta classificação, estranhíssima portanto para mim), porém por serem tessituras que, de forma lúdica, costuram profundas questões vivenciais, teóricas e práticas.

VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras - Rio de Janeiro

VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras. Participação especial entre as Mulherageadas: Rui de Habeurim de 18 a 22 de Outubro...