DESAFLITO
A solidão é um transplante
de um peito de carne
para um peito de aço.
É a sétima arte equivocada
com a película da face
(endurecida).
A solidão é portadora de equívocos
É um corte ao norte do meu sonho.
E à leste dos meus planos e perspectivas.
de um peito de carne
para um peito de aço.
É a sétima arte equivocada
com a película da face
(endurecida).
A solidão é portadora de equívocos
É um corte ao norte do meu sonho.
E à leste dos meus planos e perspectivas.
NOSSA SENHORA DA NEUROGLIA
O homem, hoje,
já não dorme sem
o lexotan.
Neuróglios meus
de todos os dias
protejam minha
imunologia.
Mônica Banderas
=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=
já não dorme sem
o lexotan.
Neuróglios meus
de todos os dias
protejam minha
imunologia.
Mônica Banderas
=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=
Eu já estava há algum tempo para homenagear Mônica Banderas. E nenhum dia é melhor do que hoje, quando ela acaba de passar no vestibular para Pedagogia da UniRio. Então, junto com meus parabéns (duplos, porque ela está fazendo um brilhante trabalho no Blog de Blocos, criando um estilo diferente, transformando um diário de registros introspectivos em diário de informações, notícias e literatura), estou postando dois poemas que eu gosto muito, do seu livro It (Blocos, 1977).
Os dois falam de solidão, de formas diversas: enquanto no primeiro a solidão é calma, reflexiva e triste, no segundo ela beira a patologia, cujos remédios podem ser mais prejudiciais do que o próprio distúrbio — afinal, como já disse Freud, ser saudável é saber administrar nossa neurose diária. Nos dois há a inconfundível marca registrada de Mônica, a partir do título: Desaflito, um neologismo que logo associamos à fase posterior ao climax da angústia da separação; N. S. da Neuroglia, uma espécie de profanação do ritual da própria solidão humana, invadida e "curada" à força e à base de drogas e psicotrópicos, mesmo às custas de baixar-se a resistência ao sofrimento.
Foi muito difícil escolher apenas dois poemas, pois tenho um carinho muito grande por todos os que postei em Blocos. Então, minha sugestão é no sentido de que você conheça um pouco mais da obra desta poeta e artista plástica, de um lirismo que sempre nos surpreende pela sua originalidade, força e irreverência.
Os dois falam de solidão, de formas diversas: enquanto no primeiro a solidão é calma, reflexiva e triste, no segundo ela beira a patologia, cujos remédios podem ser mais prejudiciais do que o próprio distúrbio — afinal, como já disse Freud, ser saudável é saber administrar nossa neurose diária. Nos dois há a inconfundível marca registrada de Mônica, a partir do título: Desaflito, um neologismo que logo associamos à fase posterior ao climax da angústia da separação; N. S. da Neuroglia, uma espécie de profanação do ritual da própria solidão humana, invadida e "curada" à força e à base de drogas e psicotrópicos, mesmo às custas de baixar-se a resistência ao sofrimento.
Foi muito difícil escolher apenas dois poemas, pois tenho um carinho muito grande por todos os que postei em Blocos. Então, minha sugestão é no sentido de que você conheça um pouco mais da obra desta poeta e artista plástica, de um lirismo que sempre nos surpreende pela sua originalidade, força e irreverência.
12 comentários:
Com carinho e atenção
Mônica vai dar a todos
Uma boa educação
Meus parabéns,
Leninha
Leila, obrigada pela homenagem. Você sabe o quanto eu precisava e consegui. Com a ajuda de Deus, sua e do Urhacy. Estou feliz e espero continuar assim.
Que tenhamos paz e harmonia em nossas vidas.
Também estou felicíssima, porque você é o exemplo de que querer é poder, quando se quer um poder construtivo para uma vida culturalmente melhor.
Beijo, Mônica.
Leila
Pois é, Leninha, estudando diversos temas e métodos relacionados com a educação, vamos ver se o nível de ensino melhora no Brasil. Pelo menos, tenho certeza de que é este o objetivo dela. Beijos, Leila
"A solidão é um transplante
de um peito de carne
para um peito de aço."
Belos versos!
Também acho, Fabio, também acho. Leila
Gostei da poesia sucinta e irônica da Mônica. Só doeu quando eu ri...
É...deste tipo de solidão - de mundo - todos entendemos, mas para tranformá-la em poesia é preciso um tremendo insight.
Parabéns, Mônica. Por sua poesia e pela nova empreitada!
Que homenagem bonita, minha querida Leila!
Beijos carinhosos
Márcia
É por aí mesmo, Clóvis, você percebeu muito bem o estilo dela. Porém poeta sensível sempre entende o outro... Leila
Márcia, bom saber que você gostou da poesia da Mônica. Gosto da ironia fina e até mesmo do sarcasmo requintado dos poemas dela. Beijo, Leila
A solidão é um transplante
de um peito de carne
para um peito de aço.
Mônica Banderas, belíssima poesia, bela homenagem de Leila, aqui podemos nos deliciar com grandes momentos poeticos, que leila também sabe postar.
Leila, saudosa de sua pessoa, pois a quantos anos aqui já nos conhecemos, e tenho a honra de fazer parte de Blocos Online.
Lá ao meu Blog, tem carnaval, ficarei feliz com sua visita,
Efigênia Coutinho
Efigênia, você sempre lembra e escreve sobre nosso contato de tantos anos, mas mesmo se não o fizesse eu não esqueceria este fato, porque tenho muito respeito por cada pessoa que, em minha vida, "passa e fica", como diria Vinícius, em um belíssimo jogo de sentidos sonoros. Brindemos, então, a estes anos todos de prazeroso convívio literário.
Muito obrigada pelo seu comentário e pela sua gentileza costumeira. Leila
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