quinta-feira, 3 de março de 2011

O JORNALISMO LITERÁRIO ESTÁ DE LUTO: MORRE ZANOTO

Na foto, Zanoto e Lélia, sua esposa


Conhecemos — eu e Urhacy — Zanoto, pessoalmente, no Encontro Nacional de Arte e Cultura, organizado pela Prefeitura Municipal de Registro e pela União Brasileira de Escritores de Registro/SP, em 1990. Ele e Lélia, sua amada esposa. Porém já nos correspondíamos desde 1981, pois Zanoto era extremamente democrático, publicando todos os escritores em sua coluna "Diversos Caminhos", no Jornal Correio do Sul, sem quaisquer distinções. Iniciantes e escritores consagrados se cruzavam nesta sua coluna, que desde 1950 ele mantinha no jornal mineiro. Anos depois, participando da noite de autógrafos de Cícero Acaiaba, outro poeta de varginhense, grande amigo de Zanoto e falecido em 2009, conhecemos sua casa, sua biblioteca, seus arquivos fabulosos, com escritores de todo o Brasil, e acabamos a noite jantando em um de seus restaurantes favoritos. Uma noite memorável e inesquecível, em que Zanoto e Lélia foram "só nossos"... 


Zanoto era a simplicidade e a modéstia em pessoa. Era poeta, Presidente de honra vitalício da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências, mas preferia ser conhecido apenas como jornalista. Tinha uma coluna no Jornal Blocos (impresso), "Caminhos em Blocos", e em 15 de maio de 2004, Zanoto começou a escrever para Blocos Online a coluna que intitulou de "Diversos Caminhos em Blocos", enviando sempre várias delas por antecipação, o que permitiu que eu divulgasse a de fevereiro, sem ter ainda notícia de seu falecimento, no dia 21 de janeiro. Temos muito orgulho de ser o único site a tê-lo como colunista, já que não se dava bem com a Internet. Seu último bilhetinho para mim, escrito a mão — como sempre fazia — foi de janeiro, poucos dias antes de sentir-se mal, enquanto atravessava a rua entre a Praça Champagnat até o Varginha Tênis Clube, e morrer no dia seguinte, de infarto. On line, iguais às colunas impressas, suas crônicas são um misto de ficção e realidade, fragmentos de textos de escritores, poesias, reminiscências pessoais. Seu estilo era inconfundível. Publicarei ainda a coluna de março, como singelíssima homenagem a uma pessoa que eu tanto admirava e continuarei admirando por sua postura literária libertária, pelo respeito com que tratava todos os que dele se aproximava, fosse quem fosse. 


30 anos de correspondência e amizade ininterruptas. Estou profundamente emocionada e triste. Não é apenas Varginha que perde um intelectual ilustre, mas o jornalismo literário brasileiro, exercido por Zanoto com muito amor, carinho, criatividade e integridade. 

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