ano novo: vida
nova
dívidas novas
dúvidas novas
vez: do revés
ao talvez (ou
ao tanto faz como fez)
hora zero: soma
do velho?
idade do novo?
o nada: um ovo
salve(-se) o ano novo!
(SP, 22/7/1926 - 8/10/1998)
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Linkagem do meu envolvimento com coisas, animais e pessoas ao imenso frame hipertextual do mundo.
Quatro haicais de Lena Jesus Ponte
Igreja fechada.
Dorme um anjo a sono solto no pátio vazio.
***
Seis horas da tarde. O sino assusta o silêncio.
Revoada de anjos.
***
Porta entreaberta Um vento assalta papéis
e rouba poesia.
***
Pousa a ave no mármore. Num leve tremor, a estátua sente o que é ter vida.
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Eu já a conhecia de nome, sabia que ela era Professora de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira. Porém quando Lena, aqui no I Festival de Poesia de Maricá, me ofereceu seus dois livros: Na Trança do tempo – haicais e Ávida Palavra, fiquei simplesmente encantada. Ao abrir o Ávida Palavra, ao acaso, o primeiro poema que eu li dela, “Plena”, lembrou-me a estrutura de um poema que escrevi e que pertence a uma série minha, inédita, “Lições de Poiesis”. Apresentei-o a ela e rimos bastante da nossa sinastria poética. Eu acho ambos os livros excelentes leituras. Porém resolvi divulgar quatro haicais que eu amo (os dois primeiros de Na trança do tempo, os dois últimos de Ávida Palavra), até para abordar um ângulo interessante: muita gente imagina que haicai, por ser um poema minimal, é fácil de fazer. É justo o contrário: em três versos de 5, 7 e 5 sílabas, os poetas lidam, ao mesmo tempo, com o kigo, a concisão, a fragmentação, o impacto, a originalidade no tratamento, além das metáforas precisas, exatas, para transmitirem o efeito visual, plástico, a própria vida em movimento. Porém nada disso é problema para a autora, que sabe dialogar muito habilmente com suas “cenas” poéticas, fazendo com que reflitamos mais sobre um cotidiano que nos passa desapercebido, e que a poesia graciosamente (em diversos sentidos) nos devolve.
A leitura do poema
Eis o modo certo
de ler um poema:
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Ser mãe é ser alguém que na alvorada
bendiz o brilho que anuncia o dia
trazendo a luz do sol em sintonia
com o burburinho de uma passarada.
Ser mãe é ser a doce madrugada
que põe um fim à mágoa doentia;
é ser também a força da magia
curando a febre que se faz calada.
Ser mãe é buscar sempre uma saída
para acalmar o coração inquieto
do filho que se fecha em seu afeto.
Ser mãe é estar atenta para a vida,
é ver além do amor que não deu certo,
fazendo de sua cria um ser liberto.
=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=Apesar de ser fundamentada na Dissertação de Mestrado da autora, em Ciência da Literatura/Teoria Literária (Letras/UFRJ), no 1º semestre de 2007, a obra é dirigida a um público maior, e não apenas à Comunidade Acadêmica. Nela, a autora tece comentários sobre o gênero épico patético e questiona a dificuldade que as sociedades tem de reconhecer seu lado épico na pós-modernidade, ao contrário do que acontece com o gênero dramático e com o lírico. No último capítulo, Míccolis também pesquisa as razões do poema dramático ser tão pouco encenado na contemporaneidade. Tendo utilizado para ilustrar sua teoria o poema dramático Calabar, de Lêdo Ivo, o volume traz também uma entrevista exclusiva com o poeta alagoano, tecendo considerações sobre o poema enfocado, poema este que é publicado ao final, na íntegra. Trata-se, pois, de livro muito abrangente, destinado não só aos professores, alunos e amantes das Letras, mas, também, aos interessados em Teatro, e aos admiradores da obra de um dos maiores poetas brasileiros vivos.
Pedidos para: blocos@blocosonline.com.br
Quem vê um livro digital não sabe como são complexos e intrincados os "bastidores" dele. A pré-produção de cada antologia de Blocos é digna de um roteiro cinematográfico (um longa...), uma novela (haja fôlego), ou de um trabalho de garimpo. Porque até nisso somos diferentes: não queremos quantidade, mas qualidade, ou melhor, autores com propostas instigantes, reflexivas, que se destacam do imenso marasmo que soterra a poesia contemporânea. Nossas antologias digitais são um modo de ajudar Blocos a manter-se, mas não é por isso que “quem paga, entra”... A seleção é criteriosa e demoramos meses na escolha de cada um dos participantes, ao todo dezessete apenas, e dos nossos convidados especiais, que solidariamente respaldam nosso trabalho de resistência cultural. O resultado é sempre muito gratificante, porém até chegarmos lá a estrada é longa. Não poderia ser de outra forma, ou nosso “amor à literatura” seria demagogia, falsidade, farisaísmo. Cuidar de todos os detalhes, com extremo carinho, requer tempo, muita dedicação e até disponibilidade afetiva para lidar com cada um dos autores em seu próprio universo. Exercício de manufatura, sensibilidade, tato, território de delicadezas.
VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras. Participação especial entre as Mulherageadas: Rui de Habeurim de 18 a 22 de Outubro...