Linkagem do meu envolvimento com coisas, animais e pessoas ao imenso frame hipertextual do mundo.
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
PARTICIPAÇÃO NA 91ª FEIRA DO LIVRO DE LISBOA (2021)
sábado, 3 de julho de 2021
PALESTRA SOBRE O ACERVO QUE LEVA O MEU NOME, NA UNIVERSIDADE DE MIAMI (EEUU)
terça-feira, 22 de junho de 2021
TEXTURAS, CORES E CHAPÉUS
Conheci a arte de Valdir Rocha através do livro intitulado Fui eu (título homônimo de uma pintura dele), organizado em 1998 pela queridíssima e grande poetisa Eunice Arruda, em que as diversas ótica dos 41 poetas (inclusive eu) giravam em torno desta tela. Alguns anos depois, o Facebook nos proporcionou um contato direto: a princípio, muito timidamente, perguntei-lhe se me autorizaria que eu ilustrasse uma crônica minha (das que mais gosto) com uma de suas telas ou desenhos. Ele foi de uma extrema gentileza, aceitando meu convite. Para você ver o meu texto, a ilustração dele e outros trabalhos de Valdir clique aqui. Acho que ambas se aproximam, tanto Você viu o Eu-Lírico por aí? como Os Siameses, pois têm em comum o estranhamento diante do fato de aceitar-se uma perspectiva única, considerando-a como verdade absoluta e inquestionável.
Passei a acompanhar a página com as pinturas de Valdir divulgada na Internet: aqueles rostos seriam máscaras? Carrancas? Aquelas posturas estáticas, estátuas? Marionetes?. Podiam ser tudo isso… e muito mais. De qualquer maneira mexiam muito comigo, me emocionavam até quando pareciam ter ar de enfado ou de indiferença profunda. Em 2020, no entanto, o olhar artístico amplo e múltiplo de Valdir revelou-se a mim, quando, por e-mail, ele enviou-me sua peça teatral chamada O Chapéu, e pelos Correios seu belíssimo livro Catarse, no qual menciona en passant seu processo criativo – voltarei a ele ao final desta crônica. Primeiro aproximei-me do livro, mas eram tantas as ideias e as emoções que me surgiam diante daquelas telas que precisei interromper várias vezes minha trajetória até o final; e foi só quando li O Chapéu que entendi uma parte do meu tumulto com Catarse (faz jus ao nome...). A peça teatral é de uma violência imensurável, grotescamente trágica, de um modo quase atordoante; a cada diálogo era como se eu estivesse me aproximando da cratera de um vulcão em erupção, em perigo cada vez mais iminente de ser sugada. De novo voltei a Catarse, e aí sim, “reli-a” com olhos de quem descobre a finíssima interconexão da ação dramática com a pictórica de Valdir: eu podia vê-lo fundindo seus textos em quadros e suas pinturas em narrativas. Uma me levava à outra, inexoravelmente, e nesta conversa quanto as duas tinham/têm a dizer entre si e para o público.
Acho o teatro do absurdo uma das modalidades mais coerentes para entender-se melhor o grau de incoerência a que chegamos na contemporaneidade. Weber já afirmava: “é possível compreender o real a partir do irreal (ou daquilo que é tido como tal”. Porém o final surpreendente e inusitado desta preciosa dramatização traz outros elementos que rompem com o âmbito de uma categorização fechada, principalmente com a mudança abrupta que passa do tom do absurdo absoluto para o de um protesto contra a absorção do ser humano pelo sistema, contra a invisibilidade a que ele acaba se curvando à sua morte simbólica.
O Chapéu de Valdir até hoje não me sai da cabeça – literalmente –, talvez por minha poesia lidar também com um material feito de efeitos de deslocamentos e de irônicos distanciamentos críticos (recursos literários e cênicos também), e de vários outros elementos que eu encontro na arte de Valdir, principalmente agora, tendo seus novos livros em mãos: além da pintura e da escultura, há ainda a reunião de seus trabalhos fotográficos: Olhar e se surpreender (em que o autor escreve na apresentação “Cuidado, portanto, com o olhar do fotógrafo – esse ser espantoso que simplesmente conseguiu um jeito de encarar estranhezas como os ciclopes e a Medusa” – no caso da Medusa, completo eu, a façanha é ele ter conseguido olhá-la sem petrificar-se), e Títeres de Ninguém, outra publicação dele composta de textos e gravuras, da qual extraio esta pérola minimalista, em meio a tantas outras:
Sonhador
¿Todas as coisas têm sexo
ou somente as inanimadas?
Com este duplo sentido delicioso paira no ar a reflexão filosófica: será que o ser humano coisificou-se ou só os objetos que parecem inânimes são realmente energeticamente ativos?…. Esse é Valdir Rocha, pensando, repensando e espelhando sua visão sobre o nosso universo holográfico.
Na introdução do livro O desenho de Valdir Rocha, o autor Péricles Prado cita o neologismo criado pelo pintor: pantemporaneidade, que remete ao prefixo grego “pan”, o todo. Gosto muito da definição de arte de Tulipa Ruiz: “arte é decupar a atemporalidade do agora”. Os gregos aproximavam a poética da physis – a técnica não era isolada da observação atenta ao movimento ininterrupto da vida. Pois Valdir Rocha faz com que este instante eterno retorne sempre renovado através de sua práxis, na qual retrabalha as pinturas originais que lhe serviram de suporte, transpondo o que havia anteriormente para o agora, aliando a simultaneidade do igual ao diferente, dentro de um movimento contínuo e infinito de repetição e mutação. No final da edição de Quintus, o artista coloca lado a lado, em cinco colunas, reproduções do seu trabalho de remontagem e de remodelagem pictóricas dos seus cinco volumes: Sós, em 2010, Confidências (2013), Pós (2015) e Nós (2019), e Quintus, de 2021, oferecendo ao “olhador” – como ele nos chama – a dimensão do que seja o constante exercício vivencial (quase tão hercúleo quanto o de Sísifo em sua ação reiterada e recorrente) não de desconstruir o perene, mas de celebrar, sempre que possível, a grandeza ou a pequenez do transitório.
Por tudo o que – seja nas artes plásticas, na dramaturgia ou na literatura –, o mundo artístico de Valdir Rocha me expande, e para ele eu tiro o meu chapéu…
Leila Míccolis
VOCÊ VIU O EU-LÍRICO POR AÍ? — Crônica de Leila Míccolis
Siameses
Óleo sobre tela, 30 cm. x 40 cm., de ©Valdir Rocha
Certa
manhã, um dos meus professores de Poética (matéria que eu amava na minha
pós-graduação na UFRJ – e continuo amando), entrou na sala e falou muito sério,
como se estivesse preocupado: “ – Algum de vocês esbarrou hoje com o Eu-lírico
pelos corredores?”. Houve uns segundos de silêncio antes de entendermos que a
indagação não passava de um tipo de premissa falsa para nos induzir,
ardilosamente, a um silogismo lógico... (“pegadinha” de retórica
discursiva...). E a seguir, em uma das lições mais inesquecíveis que tive
dentro do contexto da minha área de Teoria Literária, ele nos relembrou que o
lírico está ligado a um estado emocional momentâneo, não a um eu no sentido
ontológico (em sua dimensão ampla, plena e integral); Se Staiger adjetivou os
gêneros literários, em Conceitos Fundamentais da Poética, foi para ampliar o
âmbito da taxinomia, acrescentando a ela análises e reflexões filosóficas, que
extrapolam o campo da literariedade; hoje, porém, depois que o lírico
personificou-se, nos referíssemos a ele como se fosse alguém do nosso
convívio...
Gramaticalmente, enquanto
pronome (primeira PESSOA do singular), o eu designa um SER racional, e sendo
SUJEITO de uma frase, é QUEM pratica ou sofre alguma ação indicada através de
um verbo. Em Psicologi
a, o ego também diz
respeito a uma pessoa humana: constitui-se de uma das instâncias freudianas da
Teoria da Personalidade (o ego, o id e o superego). Porém, um “eu” ficcional
é... ficcional, fantasioso, seja em poesia ou em prosa. O vocábulo já indica
que se trata de uma construção, ou seja, de uma composição composta (o
pleonasmo é proposital) de criatividade, invenção, concepção imaginativa, vasta
simbologia, recursos estilísticos (figuras de linguagem como metáforas,
hipérboles, metonímias), e outras técnicas que o tornam um artefato, uma peça
fabricada/criada/moldada/modelada/burilada/esculpida. Um texto confessional não
o é, mesmo que pareça. Ninguém cogita na poesia, por exemplo, que Fernando
Pessoa não tomava banho ou era desasseado... No entanto, ele escreve no Poema
em Linha Reta, sob o heterônimo de Álvaro de Campos (o meu preferido...): “E eu (...) tantas vezes porco, (...) Eu
tantas vezes (...) Indesculpavelmente sujo...” Eis o que o poeta português
denomina de Cena Viva, em que há muito de teatralização (uma das marcantes
características do Decadentismo) no fazer poético; e em um recuo histórico bem
maior, lemos Aristóteles analisando a verossimilhança e a mímese (imitação não da vida, mas das ações, reações
e emoções humanas), nos advertindo de que a poesia não é a realidade em si
mesma, mas sim a representação dela.
A escrita literária está
intimamente ligada ao conceito junguiano de Persona: gente real, de carne e
osso, que se coloca no lugar de um personagem e assume este papel durante a
elaboração da obra, cujo conteúdo pode até se apresentar em direção
diametralmente oposta à prática de vida diária dos seus autores. “O poeta é um
fingidor”, como sabiamente escreveu Pessoa, ciente não só das estratégias e
máscaras inerentes à ficção poética, como também consciente de que no “eu”,
singular, está embutido (arquetípica e universalmente) o nós, plural.
Holisticamente, todos somos um.
Sabendo
o que penso a respeito do “eu-lírico”, ao voltar da nossa famosa FLIP – Festa
Literária Internacional de Paraty, Flávio Machado, ótimo poeta carioca,
escreveu-me sobre as mesas redondas que presenciou no evento: “Leila,
lembrei-me muito de você, porque o tal do eu-lírico foi chamado insistentemente
por diversos palestrantes nos debates de poesia, mas não subiu ao palco nem uma
única vez”... Ri muito com o comentário dele.
Pelos motivos
apresentados aqui, toda vez que ouço ou leio sobre o “eu-lírico”, tiro-lhe
mentalmente o hífen, e transformo a palavra composta em nome próprio (nada mais
justo, já que o eu se refere sempre – para mim – à individualidade de
alguém...). Por isso, se você vir o Eulírico – sem hífen – flanando pela rua,
por favor, dê-lhe o meu e-mail e peça para que faça contato comigo, urgente,
pois gostaria muitíssimo de conhecê-lo, a fim de trocarmos experiências e, quem
sabe, tomamos um cafezinho, ou mesmo uma gelada, em comemoração a este nosso
memorável encontro.
Autor da pintura:
Valdir
Rocha
Aquarelista, desenhista, fotógrafo, escultor, gravador e pintor. Nasceu, vive e
trabalha em São Paulo.
Eis uma pequena amosta dos trabalhos de Valdir
Descrédito
Se me perguntam:— Escrever para TV, rende?Respondo: — depende dos créditos(aquelas letrinhas em que aparece o nome da genteno começo ou no final, dependendo do canal).A gente briga para tê-los,para vê-los nas novelas, seriadose acaba piradoporque escritor não tem créditonem em Banco,já que o saldo é sempre mancoe ninguém credita nada.Ê profissãozinha desacreditada.
Do livro: “Desfamiliares” (Obra poética completa, 1965 – 2012), Anablume, 2013, SP
domingo, 20 de junho de 2021
LEILA MÍCCOLIS NO LIVRO LIRA À BRASILEIRA - ERÓTICA, POÉTICA, POLÍTICA (ORG. WILBERTH SALGUEIRO)
O livro do Prof. Dr. Wilberth Salgueiro, um especialista
em Letras contemporâneas, publicado pela UFES - Universidade Federal do
Espírito Santo em 2013, acaba de ser disponibilizado gratuitamente on line. Na capa da obra, “Lira à Brasileira: Erótica
Poética Política" há o nome dos onze poetas analisados: Glauco Mattoso,
Paulo Leminski, Leila Míccolis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo
Neto, Pedro Xisto, Ana Cristina Cesar, Arnaldo Antunes, Cecília Meireles,
Augusto de Campos e Caetano Veloso. Vale à pena fazer o download, o link
para baixar o arquivo em formato PDF desta obra é: https://repositorio.ufes.br/bitstream/10/796/1/livro%20edufes%20lira%20a%20brasileira%20erotica%20poetica%20politica.pdf?fbclid=IwAR3NdNOuqMBg2zUbBw7wRQNYR7X_ZxFJMPmMD4SgowS0YJrcnMFjKR0XbnU
quarta-feira, 2 de junho de 2021
quinta-feira, 29 de abril de 2021
Documenting Diversity DemocracyBrazil
Documenting Diversity
DemocracyBrazil –
Simpósio organizado pelo acervoLeila Miccolis Brazilian
Alternative Press
Collection, Universidade de Miami (Flórida), Sessão Plenária em
13 de abril, palestra
com tradução simultânea através da plataforma do Zoom.
Disponível em: https://umiami.mediaspace.kaltura.com/media/Dr.+Leila+M%C3%ADccolis+Sess%C3%A3o+Plen%C3%A1ria+++Plenary+Session/1_qw5z5558/217631123
About the Symposium
The University of Miami is proud to
announce Documenting Diversity and Democracy in Brazil, a symposium established
to highlight the unique and richly-textured Leila Míccolis Brazilian
Alternative Press Collection. The event features keynote presentations by João
Silvério Trevisan (Brazilian LGBT activist, journalist, and novelist), Dr.
Leila Míccolis (Lawyer, activist, and writer) and Sonia Guajajara (Brazilian
environmental and indigenous activist and politician), alongside invited papers
of scholars who have worked with the Collection to showcase intersectionalities
and (dis)connections between burgeoning social and political movements in
Brazil from the military dictatorship (1964–1985) to the present day, as well
as works focusing on human rights, social justice, and cross-fertilization of
historical and sociopolitical trajectories that shed more light on recovering
the voices of marginalized Brazilians.
Sobre o Simpósio
A University of Miami tem orgulho de
anunciar Documenting Diversity & Democracy in Brazil, um simpósio criado
para chamar atenção para o tesouro único e diversificado encontrado na coleção
Leila Míccolis Brazilian Alternative Press. O evento com sessões plenárias de
João Silvério Trevisan (jornalista, romancista e renomado ativista dos direitos
LGBT), Dra. Leila Miccolis (Advogada, ativista e escritora) e Sonia Guajajara
(proeminente ativista dos direitos indígenas e ambientais), juntamente com apresentações
de pesquisadores convidados que trabalham com a Coleção abordando
interseccionalidades e (des)conexões entre crescentes movimentos políticos e
sociais no Brasil, do período da ditadura militar (1964–1985) até os dias
atuais, e também trabalhos que focam direitos humanos, justiça social e
convergências de trajetórias históricas e sociopolíticas que elucidam a
recuperação de vozes brasileiras marginalizadas.
For
more information about this symposium, please visit
createbrazil.library.miami.edu
Para mais informações sobre este simpósio,
por favor visite createbrazil.library.miami.edu
quinta-feira, 8 de abril de 2021
LEILA MÍCCOLIS - PALESTRA NA UNIVERSIDADE DE MIAMI SOBRE "O ACERVO QUE LEVA O MEU NOME"
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
Revistaria - Encontro de Revistas Literárias
Revistaria – Encontro de Revistas Literária (de fevereiro a abril). Curadoria: Fabiano Calixto e Pedro Spigolon. Mesa 1, 18/2): A história das revistas literárias brasileiras Com Ademir Demarchi, Ademir Assunção e Dalila Teles Veras (mediadora).SESC Ipiranga, SP (18/); Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gxspe2aj_Rg
VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras - Rio de Janeiro
VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras. Participação especial entre as Mulherageadas: Rui de Habeurim de 18 a 22 de Outubro...