quarta-feira, 27 de novembro de 2013

POESIA COMENTADA

  Tive o prazer de conhecer o livro Fábulas para adulto perder o sono, quando participei do júri do Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte, este ano. Como o título sugere, trata-se de uma poesia provocativa, inquieta, muitas vezes incômoda e cruel, como a realidade cotidiana. Fiquei muito impressionada com a ousadia da autora (pelo menos o pseudônimo sugeria ser voz de mulher, embora nem sempre isto seja comprado ao final, já que muitos autores colocam o nome da filha ou da esposa no pseudônimo), que não se intimidava com desfechos violentos, sendo capaz de levar até as suas últimas consequências o desenvolvimento de sua ideia:

Os Três Porquinhos

Decepcionados com
Um mundo onde
Ou você come
Ou é comido
Os três porquinhos
Deliberaram
Sair da pocilga 

À noite
Entraram na casa
E assaram os donos: 

As maçãs nas bocas.

Após o julgamento, quando pude conhecer a identificação dos concorrentes, vi que se tratava realmente de uma mulher: Adriane Garcia.

Desde seu livro, eu poderia transcrever inúmeros outros poemas que me fascina(ra)m, como Romeu e Julieta, Pinóquio, Branca envelhece na neve, Diamante, E o rato roeu a roupa…, Bela Acordada, e tantos outros textos de uma poesia que traz  para a pós-modernidade fábulas e mitos transmitidos de geração a geração, transpondo-os para os tempos atuais, com aguçado senso crítico. O conjunto da obra, muito bem urdido,  lembrou-me os sangrentos e macabros contos infantis originais medievais, antes de serem adaptados por Andersen e os irmãos Grimm que lhes adocicaram e lhes deram finais felizes, segundo o historiador cultural Darnton. Uma obra bem dentro da volta do trágico nas sociedades contemporâneas. Porém, para não me estender demais, transcrevo apenas mais um poema incrível, que fala das potencialidades pessoais que todos temos e que tantas vezes usamos inabilmente, desastrosa e desastradamente…

Desastrada

Tenho uma varinha do condão
e uma marca de nascença num braço:
Quero e acontece. 

Só eu percebo magia
Enquanto sorvo a sopa.
Meu feitiço é lento:
Às vezes, contra a feiticeira
Sempre, tarde demais.

Para minha alegria, este livro acaba de ganhar a Segunda Edição do Prêmio Paraná de Literatura, na categoria poesia, e eu aplaudo, porque Adriane Garcia é uma das grandes revelações para mim neste ano de 2013. Quem quiser conhecer mais a obra dessa mineira, ela está no Facebook, quase diariamente postando seus versos, tantas vezes desconcertantes, desnorteantes, e  escandalosamente belos.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

LANÇAMENTO DO DESFAMILIARES EM SÃO PAULO

Desfamiliares - Obra poética completa de Leila Míccolis (1965 - 2012) será lançada no dia 7 de novembro de 2013, em São Paulo, na Livraria Martins Fontes - Paulista (Av. Paulista, 509, próximo à Estação do Metrô Brigadeiro), das 18.30 às 21.30 horas. A obra reúne meus livros solos, os em parceria (todos esgotados), os poemas dispersos em antologias, uma parte inédita, currículo resumido e fortuna crítica.
Capa: "Fauna", Urhacy Faustino e Mônica Banderas
Prefácio: Glauco Mattoso
Apresentação: Antonio Vicente Seraphim Pietroforte
Este livro vem mantendo-se, há quatro meses seguidos, na lista dos dez mais vendidos na loja virtual da Editora Annablume, para grande alegria minha que sempre contestei o chavão: "poesia não vende"... (Leila Míccolis)


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VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras - Rio de Janeiro

VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras. Participação especial entre as Mulherageadas: Rui de Habeurim de 18 a 22 de Outubro...