quarta-feira, 18 de julho de 2012

FACE TO FACEBOOK


Eis-me face a face com o Face. Inegável que ele tem sido Não posso esquecer-me de que o Face tem sido importante para certas pessoas (companhia? informação? comunicação?) que um casal paulista registrou o nome do filho de Facebookson, em agradecimento por ambos terem-se conhecido lá (o amor é lindo... embora o garoto, quiçá traumatizado, nunca queira ter filhos na vida). Quanto a mim, resisti por longo tempo a entrar, pelo frenetic show que há nele. Porém estão lá muitos amigos que gostam de conversar pelo Face muito mais do que por e-mail, e decidi participar depois de prestar meu exame de doutorado – o que fiz, exatamente no dia seguinte. Para meu espanto e surpresa, tenho me divertido muito com ele.

Há muito disso: vitrines sem conteúdo, armazéns de frases feitas. Porém até nestas dá para encontrar certa graça, se nos propomos a questioná-las. Outro dia, alguém postou algo do gênero: não seja o sol que brilha, mas o vagalume que ilumina. Comentário meu: “acho que devemos ser os dois, sol de dia e vagalume à noite, porque os brilhos são diferentes”. E pensei: já imaginou só vagalumes de dia? Ia ser muito escuro, igual à noite. (Amo o sol...).

Há também gatófilos e cachorrófilos como eu, então me sinto em casa e tão à vontade que me animei a fazer dois álbuns de fotos: Afetos múltiplos e Eventos inesquecíveis: estes últimos com encontros marcantes, em geral com poetas – tem até Cora Coralina lá: conheci-a em 1982, quando fui a coordenadora do setor de Literatura do Rio no 1º Festival de Mulheres nas Artes (Teatro Ruth Scobar/SP). Aliás, depois que coloquei Coralina, muito mais gente me encontrou no Face. Chamo este fenômeno de brilho por osmose: se você é amigo de quem conhece algum nome famoso, parece que você passa a estar mais perto dessa celebridade. As pessoas “se sentem”. Sentem-se importantes também.

Alguém há de me perguntar: e por quê você quis aparecer ao lado de Coralina: não foi pelo mesmo motivo? Não, o meu foi afetivo, o partilhamento de um momento de grande emoção. Quando vi aquela senhora tão velhinha entrar no Festival (nem sabíamos se ela iria, pois não tinha confirmado a presença) fiquei encantada: ela parecia tão doce quanto os doces que fazia. Caminhava com dificuldades, ajudada por duas amigas. Dei para ela autografar o catálogo do evento, e ela perguntou-me intrigada, sem nem me olhar: - “Você não comprou meu livro?”. Presenteei-lhe com a verdade: “não tenho dinheiro no momento, Cora”. Então ela levantou os olhos muito límpidos, me viu – este instante foi incrível – sorriu para mim (que gracinha!) e disse, como quem faz uma travessura inocente e nova: – “Sabe?, eu nunca autografei um catálogo”... e ficamos conversando um pouco – a fila de  autógrafos era enorme – sobre a “dor e a delícia” de gostarmos de fazer poesia. Depois, ela sugeriu que eu ficasse por ali, perto dela (como se eu pudesse sair... eu estava em estado de transe hipnótico), e de vez em quando, entre uma e outra dedicatória, trocávamos algumas frases, eu e Coralinda.

Falei no início em vitrine mas, em meio a tantas mensagens, observo que a visibilidade pessoal esperada e tão alardeada é um tanto relativa: há que sermos garimpeiros ou entrarmos no Face com o espírito de “caça ao tesouro” ("sem lenço e sem documento", leia-se, sem mapa com pistas); porém, esperta que sou, já sei onde encontrar meus ouros: tenho tido muito prazer em acompanhar as inteligentes postagens do Chico (chequei até a compartilhar uma música através dele), da Ivana, do Zeballos, da Márcia Sanchez, da Leninha, do Braulio Tavares, do Affonso Romano, do Henrique Cairus, da prata da casa – Urhacy Faustino e Mônica Banderas – entre vários outros. Isso me faz pensar no óbvio: o ser humano estraga ou enriquece as redes sociais de que participa. Simples assim.

Leila Míccolis

VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras - Rio de Janeiro

VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras. Participação especial entre as Mulherageadas: Rui de Habeurim de 18 a 22 de Outubro...