segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Presépio do Santuário de Fátima


Duas crônicas minhas sobre o Natal:
          Em Blocos Online
http://www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/obrasdigitais/antolog/natal11/nat001.php
          No Yubliss (por favor assine, se comentar)
http://www.yubliss.com/blog/5993/post/9860
E que Jesus nasça em nós todos os dias.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ACABA NÃO, MUNDO


Lançamento do livro de crônicas: "Acaba não, mundo", no Rio, em 22/10/2011. Foi uma noite deliciosa — todos concordam. O responsável por este comentário unânime é Eduardo Loureiro Jr., que me surpreendeu com uma perfeição de detalhes nunca vista em uma pré-produção, esmeradamente bem cuidada. Trinta autores do site Crônica do Dia estão neste livro; como eu tive a alegria de escrever a primeiríssima crônica, coerentemente fui a primeira a chegar... (morar longe tem dessas vantagens: como nunca se sabe se a estrada vai estar congestionada ou não, o jeito é sair muito mais cedo e chegar antes da hora nos eventos; mas é ótimo, fica-se mais tempo nos lugares, e curte-se desde o comecinho o local e as pessoas). 

Alguns dos autores eu já conhecia, como a Letti (belíssima, como sempre) e a Carla Cíntia. Outros, inclusive o próprio Eduardo, conheci no dia — encontro esperado há muitos anos. Entre meus convidados estavam Leninha, da equipe de Blocos, amiga especialíssima que se deslocou de Brasília para comparecer ao evento, o cineasta Francisco Malta, que, junto com Cláudia Letti, aniversariava naquela noite e teve a gentileza de comemorar comigo (prazer enorme) e Rogel Samuel, também colaborador de Blocos, nosso colunista tão querido e um dos grandes incentivadores da minha vida acadêmica na UFRJ. Obrigada de coração a este trio de ouro, foi muito importante para mim a presença dos três. Saí antes do término do lançamento com o local fervilhando de gente — era a Lapa em todo o seu esplendor. Beleza de noite!

Aqui vão duas fotos: a primeira, tirada por Leninha. 


E a segunda é a do nosso livro, lógico, que está incrível, produção gráfica de altíssima qualidade.  


A capa escolhida pelos internautas é de Sara Setter e a apresentação de Cláudia Letti. São 83 crônicas das 3.239 publicadas no Crônica do Dia, desde julho de 1998. E eu não podia esquecer o botton feito pelo Maurício Cintrão para cada um dos autores do livro, uma graça de trabalho artesanal. Disse-me ele, por e-mail, que era uma forma de comparecer e estar presente nos diversos lançamentos do livro em várias capitais. Todos esses pormenores juntos em um único volume fizeram a diferença.

Eduardo, zilhões de parabéns, meu amigo. Só espero que nosso mundo acabe, diariamente e sempre, em festa, alegria e risos, como acabou neste sábado.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O JORNALISMO LITERÁRIO ESTÁ DE LUTO: MORRE ZANOTO

Na foto, Zanoto e Lélia, sua esposa


Conhecemos — eu e Urhacy — Zanoto, pessoalmente, no Encontro Nacional de Arte e Cultura, organizado pela Prefeitura Municipal de Registro e pela União Brasileira de Escritores de Registro/SP, em 1990. Ele e Lélia, sua amada esposa. Porém já nos correspondíamos desde 1981, pois Zanoto era extremamente democrático, publicando todos os escritores em sua coluna "Diversos Caminhos", no Jornal Correio do Sul, sem quaisquer distinções. Iniciantes e escritores consagrados se cruzavam nesta sua coluna, que desde 1950 ele mantinha no jornal mineiro. Anos depois, participando da noite de autógrafos de Cícero Acaiaba, outro poeta de varginhense, grande amigo de Zanoto e falecido em 2009, conhecemos sua casa, sua biblioteca, seus arquivos fabulosos, com escritores de todo o Brasil, e acabamos a noite jantando em um de seus restaurantes favoritos. Uma noite memorável e inesquecível, em que Zanoto e Lélia foram "só nossos"... 


Zanoto era a simplicidade e a modéstia em pessoa. Era poeta, Presidente de honra vitalício da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências, mas preferia ser conhecido apenas como jornalista. Tinha uma coluna no Jornal Blocos (impresso), "Caminhos em Blocos", e em 15 de maio de 2004, Zanoto começou a escrever para Blocos Online a coluna que intitulou de "Diversos Caminhos em Blocos", enviando sempre várias delas por antecipação, o que permitiu que eu divulgasse a de fevereiro, sem ter ainda notícia de seu falecimento, no dia 21 de janeiro. Temos muito orgulho de ser o único site a tê-lo como colunista, já que não se dava bem com a Internet. Seu último bilhetinho para mim, escrito a mão — como sempre fazia — foi de janeiro, poucos dias antes de sentir-se mal, enquanto atravessava a rua entre a Praça Champagnat até o Varginha Tênis Clube, e morrer no dia seguinte, de infarto. On line, iguais às colunas impressas, suas crônicas são um misto de ficção e realidade, fragmentos de textos de escritores, poesias, reminiscências pessoais. Seu estilo era inconfundível. Publicarei ainda a coluna de março, como singelíssima homenagem a uma pessoa que eu tanto admirava e continuarei admirando por sua postura literária libertária, pelo respeito com que tratava todos os que dele se aproximava, fosse quem fosse. 


30 anos de correspondência e amizade ininterruptas. Estou profundamente emocionada e triste. Não é apenas Varginha que perde um intelectual ilustre, mas o jornalismo literário brasileiro, exercido por Zanoto com muito amor, carinho, criatividade e integridade. 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma casa no campo...

Sabe aquela música “Eu quero uma casa no campo”, do Zé Rodrix e do Tavito? Pois eu nunca quis. Sempre fui agitadamente urbana, e vir para Maricá, há doze anos, não foi opção, foi solução (que eu supus temporária) para nossa complicada situação financeira: sair de aluguel, condomínio, gastar menos, na época. Viemos para cá por questão de sobrevivência, apenas. Nunca pensei em morar no interior, em ter porco, cavalo, galinha, peru, marreco, porquinho da índia, coelho, ovelha e cabra, bromélias, cactos, gás de bujão e água de poço. Gostava do cheiro de gasolina e da vida agitada a mil por hora. Aqui, a quietude impera: a ruazinha  não-pavimentada também é pouco movimentada: nem carteiro  passa. O “êxodo” rural ainda coincidiu com uma série de rompimentos emocionais, o que dificultou e tornou mais lenta a minha adaptação.

O começo abrupto desta nova fase foi terrível, pois era uma casa que, de habitável, só tinha a sala, e assim mesmo sob um telhado que parecia ter dificuldades em se manter no lugar; havia apenas a estrutura arquitetônica, muita pedra, e o chão era de terra batida. Também não havia árvores, e o fornecimento de energia elétrica ainda era bem mais precário que hoje... Um desafio e tanto. A primeira vez que entrei na construção inacabada, vi sair um monte de morcegos de um cômodo: era ao mesmo tempo aterrorizante e fascinante: eles voavam em “xis”, como se fossem os raios lasers que vemos em filmes de assalto a bancos, nos cinemas... Foram tempos difíceis que exorcizei fazendo um livro artesanal, praticamente inédito, chamado: “Sob o céu de Maricá”, em que falava principalmente de moscas e outros insetos não-identificados. A única distração destes primeiros tempos era eu, Urhacy e Mônica nos reunirmos em torno das fogueiras que fazíamos diariamente. Esses eram momentos verdadeiramente mágicos.

Maricá não é tão longe assim do Rio (do Fundão, onde ainda faço meu Doutorado na UFRJ, levo trinta a quarenta minutos); a distância de uma hora de estrada, porém, me “obrigou” a ficar muito mais seletiva: compareço pouco a lançamentos de livros, eventos culturais e badalações do gênero. Com isto, talvez, tenha adquirido fama de “distante”, ou de “esnobe”. Dá-se, também, que para o pessoal da capital, ter que atravessar a ponte Rio-Niterói é quase como chegar em outro planeta. Então, quando compareço a algum lugar, provavelmente como revide, pensando que me agridem, há sempre os que me perguntam se me aposentei, por estar morando no mato... Rio e cito o começo do poema do Alberto Cunha Melo chamado Um cartão de visita: “Moro tão longe, que as serpentes / morrem no meio do caminho. / Moro bem longe: quem me alcança / para sempre me alcançará”. 

Cunha Melo termina este seu belo poema, dizendo: “Nada será fácil: as escadas / não serão o fim da viagem: / mas darão o duro direito / de, subindo-as, permanecermos”. Sim: é  justo esta sensação de permanência que me habita. Hoje, amo este lugar e, apesar dos inúmeros problemas relacionados principalmente com uma péssima infraestrutura local, não gostaria de morar mais na capital, por vários motivos. Entre eles, cito alguns: lá não tem esse ar puro, este verde nos rodeando por todos os lados, este espaço amplo para conviver com animais, estas noites estreladíssimas, esta lua absurdamente linda, esta adorável piscininha, esse orquidário, essa natureza exuberante, estes pirilampos, estas borboletas coloridas, este paraíso terrestre sempre ao alcance do embalo de nossa rede...

A mudança para o “sertão” detonou transformações bastante radicais em meus valores, em minhas perspectivas e até em meu modo de encarar problemas, porque antes eu vivia sem noção de certas estruturas; agora que eu sei como se ergue uma parede, para que serve a argamassa, de quê é feita uma pilastra, sei também como podemos ficar verdadeiramente alegres vendo a primeira torneira da casa funcionar, jorrando água. Simples assim. Viver aqui me fez valorizar a vida a partir de cada gesto e de cada objeto que antes eu só notava quando me utilizava dele. Deixei de prestar atenção às funções das coisas para perceber melhor a substância das quais elas são feitas. E os amigos que servem-se de uma para nos visitarem. Realmente, uma grande transformação, ocorrida de dentro para fora. Com isto, não só a casa foi erguida a partir do zero, como eu também. E é por isto que para mim, hoje, Maricá é sinônimo de colheita. 

Leila Míccolis


domingo, 23 de janeiro de 2011

Surfando o estresse...

Há algum tempo, uma artista famosa declarou que, ao fazer seu check-up anual, "descobrira" através de seu médico que estava com estresse... Que me desculpe a beldade, mas não era então um estresse tão grande assim. Devia ser um estressinho de nada, já que, o de derrubar-quarteirões, a gente diagnostica por conta própria; e, já que este esgotamento (físico e/ou emocional) provoca um considerável aumento de adrenalina, resolvi fazer, neste verão, um minitutorial, baseado em meu autoaprendizado, para surfar o estresse, no intuito de tentar evitar sermos ou derrubados por “caixotes”, ou bebermos muita água salgada, ou entrarmos no redemoinho das ondas gigantes.

Primeiro sinal (ou sintoma): começa-se a perceber o cansaço a partir dos inocentes barulhos diários, que de repente aumentam de volume, irritando o pavilhão auricular. O liquidificador, então, enlouquece, e as vozes humanas agridem. Tenta-se fugir deles, mas sempre esbarramos com a televisão, com o latido do cão do vizinho, com o martelo, com o ranger da porta empenada da sala.

A luz também passa a incomodar. Como os gatos, você fecha os olhos para diminuir a claridade, e fica-se contanto os minutos para chegar a noite, porque ela parece mais amena, serena e silenciosa, certo? Errado. Quando você se deita, a insônia dialoga com você o tempo todo, e é realmente inacreditável como ela tem assunto... Quando ela para, já é quase hora de você se levantar, mais esgotado ainda.

O bom-humor tende a hibernar, até porque ser “alegrinho” nos tempos atuais é desprender enormes somas... de energias. Você começa a não querer encarar perguntas difíceis, embora a toda hora formule questões complexas, do tipo: por quê toda rosquinha tem um buraco no meio? Por quê ainda não inventaram uma rede com controle remoto? Naturalmente não convém tumultuar muito o cérebro tentando achar as respostas; e procure também não pensar obre a morte da bezerra, porque, neste caso, além de estressado, você pode ficar deprimido. Mude o foco rápido, antes que seja tarde demais.

Exaurido, você pensa em largar tudo e viajar, para não fazer nada; mas, ao mesmo tempo, trabalha cada vez mais, até para poder arcar (algum dia) com a realização do seu sonho de viagem...

Na hipótese de você ser um estressado agressivo, cuja reação é a de brigar com a própria sombra, cuidado: é bom não descontar nos pratos ou enfeites da casa, pois, passada a crise aguda, você vai é ter uma recaída por conta (literalmente) dos prejuízos. O melhor é respirar e contar até 10. Se estiver muito fatigado, tente ir até 5 (porém menos de 3 nem vale a pena iniciar a contagem).

Outro sinal evidente de esgotamento é quando o estressado passa a arranjar as desculpas mais mirabolantes para não sair de casa, mesmo que elas soem absurdamente falsas; não importa, qualquer coisa é melhor do que a ameaça de movimentar-se em direção à rua. Você resiste a ir à praia, festa e cineminha, mas se magoa dos outros irem sem você, tão animados e bem dispostos. Neste momento provavelmente vai achar que há algo de errado com você, talvez falta de alguma vitamina... Você pensa então em reagir, energizar-se com saudáveis sucos, por exemplo; mas, logo no primeiro impulso, ao abrir a geladeira e ver a manga ou o abacaxi, desiste no ato, imaginando a imensa trabalhalheira que será ter de descascá-los.

Caso fique em casa, numa boa, se o estressado em questão é dado à literatura, aproveitará os erros de digitação, as trocas de letras das palavras, fato comuníssimo nas épocas de maior fadiga, e as transformará, posteriormente, em textos cheios de “sacadas geniais”... É o lado criativo do estresse.

O estressado não quer papo, não tem a menor vontade de conversar; aliás, como já disse de início, as vozes humanas de repente lhe soam estranhas, e é comum ele flagrar-se olhando para a boca do seu interlocutor, como se assistisse à mímica de um playback. Como você não é do tempo do cinema mudo, a primeira vontade é a de pedir para a outra pessoa calar-se, mas, ainda bem que se contém a tempo, para não ser chamado de mal-educado. De qualquer forma, suas respostas são lacônicas e secas, não por estar zangado, apenas por economizar palavras, e portanto fôlego.

O estressado sente-se febril por dentro e gelado por fora, exatamente o contrário do que deve se sentir um sorvete, com calda quente por cima. Talvez por isso, meio-termo é coisa que ele desconhece. É drástico, sem meias-medidas. Com ele, é tudo ou nada. Ou 8 ou 80. Ou dá ou desce. Nada de nem tanto ao mar nem tanto à terra. Está muito mais para "não vem que não tem" do que para "conversando é que a gente se entende". Este seu modo brusco pode confundir as pessoas, mas é melhor não explicar-se na hora, porque pode acontecer da emenda ser pior do que o soneto – como já nos ensinou Bocage.

Por fim, um dos sintomas mais característicos do estressado é a divagação, a mente passeia, viaja, vai longe. Às vezes, a desconcentração é tão grande, que de repente o indivíduo flagra-se mexendo no mouse, movimentando-o na tela para baixo e para cima, de lá para cá, perguntando-se o que estava fazendo ali, diante do computador. Calma, nada de pânico: mesmo que demore um pouquinho, aos poucos a memória volta e você se recorda afinal, triunfante, de que estava tentando escrever uma  crônica...

Eu não sei se este minitutorial pode ajudar alguém a se equilibrar em cima de uma prancha (ou melhor seria dizer tábua de salvação?) em movimento. Espero que sim, que ele, pelo menos, dê maior leveza a este perigoso esporte que é o viver. Porém, se ele não serviu nem para você esboçar um imaginário sorriso, sugiro, se os sintomas persistirem, consultar um médico, que provavelmente diagnosticará o que você já estava cansado (literalmente) de saber... 

Leila Míccolis


domingo, 9 de janeiro de 2011

VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras - Rio de Janeiro

VI Encontro Nacional do Mulherio das Letras. Participação especial entre as Mulherageadas: Rui de Habeurim de 18 a 22 de Outubro...